Pedro Pessoa, People Development Manager na Kelly Portugal
Há uma nova tendência que tem vindo a intensificar-se no mercado de trabalho: o resenteeism ou ressentimento corporativo. Ocorre quando o trabalhador está insatisfeito com o seu emprego mas, apesar de demonstrar o descontentamento, não se demite. É uma tendência que representa um novo desafio para as empresas.
Apesar de se tratar de um conceito que tem sido debatido mais recentemente, a sua origem é antiga, explica ao NOVO Pedro Pessoa. “O fenómeno, baseado no conceito de presentismo, começou a ser referenciado nos anos 70 do século passado. No entanto, é em 2004 que, através do artigo de Paul Hemp Presentismo no local de trabalho, publicado na Harvard Business Review, o fenómeno ganha relevância no campo da gestão e desenvolvimento de RH, transpondo o seu âmbito muito além da saúde e bem-estar do trabalhador”. Contudo, o people development manager na Kelly Portugal refere que há vários fatores que podem refletir-se no crescimento do resenteeism.
“Atualmente, sabemos que a combinação de fatores conjunturais, como a inflação, as elevadas taxas de desemprego e a recessão económica, com outros fatores higiénicos, como o salário, o relacionamento com os colegas, o clima e a cultura organizacionais ou até motivacionais, as funções desempenhadas, a autonomia no trabalho, o reconhecimento e as oportunidades de desenvolvimento profissional, pode contribuir para o aumento do resenteeism”.
Tal como o resenteeism, o quiet quitting é outra tendência que tem vindo a destacar-se no mercado laboral. Mas são “conceitos distintos”, explica Pedro Pessoa. “No resenteeism, o trabalhador está insatisfeito com o seu emprego mas, apesar de externalizar o descontentamento, não se demite.” Já no quiet quitting, a manifestação dos comportamentos do colaborador está associada à “necessidade de reequilibrar o peso da sua vida profissional com as demais vertentes da vida”.